terça-feira, 10 de agosto de 2010

Materno maltratar

A opinião geral é de que a candidata entrevistada ontem no JN se saiu melhor do que no debate da Band. Sim, houve um avanço: passou de péssima para ruim, de deplorável para fraca, de inconsistente para gelatinosa. Escorregadia, apesar da máscara antiderrapante que envolvia as palavras, a expressão facial e verbal, os gestos posadamente suaves, tudo isso aprendido a toque de caixa com experts de sua equipe de campanha.

Para mim, ela esteve firme feito prego no angu.

A voz tonitroante de contralto - trombeta de Jericó sem surdina - estabelecia um estapafúrdio contraponto com a polidez orquestrada.

Mas o melhor da insensata festa dessa entrevista foi a resposta dada pela candidata ao ser confrontada com o fato de o atual presidente ter declarado que colegas e até outros ministros de estado foram até ele para dizer que ela os maltratava.

Diante dessa afirmação do entrevistador Duílio Bonder, a candidata apelou para o... Digamos sentimento maternal da entrevistadora Fatwa Berilos, dizendo que Fatwa, como mãe, sabia muito bem que às vezes é preciso ser rigorosa com os filhos, exigir mais dos filhos, anunciando assim, de maneira transversal, a sua candidatura à mãe do povo.

A associação direta entre maltratar e maternidade ganhou uma soberba crítica da minha faxineira hoje de manhã.

- O que você achou da entrevista de ontem, Lucineide?

- Eu? O que que eu achei? Eu não gostei não, senhor. Aquele negócio de mãe que maltrata os fio, é ruim, hein? Eu vou votá naquela outra lá da natureza, dos bichim, dos passarim. Sabe que eu gosto mais de bicho do que de gente? Gente num presta não!

Quase retruquei dizendo que Lucineide iria saltar da égua e cair na potranquinha de são Francisco de Assis. Mas não disse nada: tudo tem seu tempo certo e há tempo para todo propósito debaixo dos céus; tempo de plantar e tempo de colher, desde que o MST não invada a terra plantada e ponha tudo a perder.

E por falar em MST, a candidata entrevistada disse que o governo a que pertence jamais tratou os movimentos sociais a cassetete. Pois é. Vândalos por aqui são vistos, pelo executivo, como elementos cuja atuação é sempre associada à carnavalização popular baktiniana, sendo merecedores, portanto, apenas de serpentinas e confetes. E de aplausos. Aplausos velados, mas, ainda assim, aplausos.

Como todos podem notar, esse país descrito e composto de pequenos cacos aqui apresentados aos poucos, só pode formar um mosaico fictício. Se fosse realidade, quem suportaria?

7 comentários:

  1. Muito grato, Tambosi, pela chamada. Acompanho o seu excelente blog diariamente.
    Outro abraço e apareça sempre que puder.

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  2. tô na área
    Alguém chamou?.
    Com meu tic-tac tô por aqui e deverei voltar,só achando um espaço em minha agenda que está VAZIA.
    Gostaria de sugerir segundo as leis muçulmanas,qual seria o castigo para a malévola irritantis?.
    apedrejar com brita numero 6 até passar o efeito do botox.
    fôrca.
    garrote vil.
    chute nos fundilhos por uns 200 não seguidores.
    mandar para Cuba.
    mandar acampar com os MST por seis mêis sem direito a bolsa e mesada família.
    todos os anteriores.

    fui..

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  3. Um blog de categoria!!! Parabéns!
    1grandabraço.....sponholz
    P.S.: Envie-me seu email e enviarei charges.

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  4. Obrigado!
    É bom ler algo inteligente.
    Continue firme
    Abraço democrático
    Itamar

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  5. Caríssimo Spon,
    não posso lhe enviar o meu mail porque você já o tem...
    Sim, você me conhece, embora não possa lhe revelar - nem a você nem a ninguém - a identidade do "Espião".

    De qualquer maneira, muito grato pela costumeira generosidade.

    Um grande abraço.

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