Folhetim de uma fraude
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
terça-feira, 31 de agosto de 2010
A palavra é a sombra da ação
Quem disse isso foi Demócrito de Abdera, contemporâneo de Sócrates. A diferença entre esses dois filósofos é imensa: enquanto a relação entre o pensar e o agir de Sócrates era guiado por princípios éticos que sobrepujavam até o instinto básico de sobrevivência - o que fez Sócrates aceitar a morte pela cicuta sem pestanejar - o projeto de Demócrito era cognitivo, o que equivale a dizer que a realidade objetiva deveria dar as cartas no jogo do agir humano, independentemente dos desejos subjetivos morais ou de qualquer outra natureza metafísica.
Não é muito difícil perceber que para Sócrates a ação é a sombra da palavra, ou do logos que em grego se traduz também por razão e discurso. Assim é para Sócrates, é assim para Marina Silva. A comparação soa descabida? Talvez seja exagero de minha parte, mas a moralidade que paira sobre o discurso político da candidata do PV é socrática. Todos os caminhos políticos defendidos por Marina estão sob o guarda-chuva do discurso ecológico. É como se suas verdes idéias tivessem o condão de recriar um mundo-mônada, alheado da realidade política mundial, e não submetido ao duro confronto e atrito com outros fatores econômicos e sociais do Brasil em suas complexidades internas e nas relações internacionais. A expressão "auto-sustentabilidade" é degustada pela candidata como um bombom com sabor de promessa realizada. Assim como a Natura do seu vice vende beleza, Marina vende felicidade. Mas sonhos não regem a vida prática do cotidiano social.
Serra, por sua vez, está mais para o pensar e o agir de Demócrito. Suas palavras são, de fato, a sombra de ações. A realidade objetiva permeia e direciona seus projetos políticos. Assim foi, por exemplo, com a questão dos medicamentos genéricos. Além disso, é o único candidato que tem dito como pretende resolver problemas práticos do Brasil. Sem maiores ou menores delírios.
E quanto à dona Dilma? A que linha filosófica ela estaria vinculada? Eu diria que dona Dilma está provavelmente vinculada a uma linha filosófico-literária mais arcaica. É a mãe do povo? Sim, é a mãe do povo. Dilmedéia, portanto.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Mãe, mulher e mitologia
Marina pergunta: quem é Dilma? Eu poderia perguntar: quem são Dilma e Marina?
Dilma se auto-proclamou mãe do povo brasileiro. Marina é a defensora incansável do desenvolvimento auto-sustentável. Qual dos dois discursos é mais ideológico? O maternal ou o que defende a mamãe natureza?
Segundo Marina Silva, o povo brasileiro quer uma mulher na presidência. Marina que fala tanto em sustentabilidade faz afirmações insustentáveis sobre os quereres do povo brasileiro. Mais uma para dizer como Lula vivia dizendo - e do alto da sua personalíssima sapiência - o que o povo brasileiro precisa querer. Lula, pelo menos, disse em tempos pretéritos que o povo brasileiro queria três refeições por dia. Foi mais lógico na sua afirmativa.
E entre uma abobrinha natureba e outra, uma perfumaria e outra, quais são os projetos que as duas mulheres candidatas defendem para resolver os problemas mais sérios do Brasil?
Serra diz o que pretende fazer e como irá atuar. E se forem apenas promessas de campanha, pelo menos, teríamos o que cobrar.
O que poderíamos cobrar de uma mulher que se propõe ser mãe do povo? O que poderíamos cobrar de outra mulher que afirma que o povo brasileiro quer uma mulher na presidência?
Lamento constatar que não há mulher capaz de chefiar o Executivo brasileiro. Ou, se há, não se candidatou.
Machismo do espião? Não é não. Mas eu me recuso terminantemente a ouvir falácias e a continuar calado.
Dilma se auto-proclamou mãe do povo brasileiro. Marina é a defensora incansável do desenvolvimento auto-sustentável. Qual dos dois discursos é mais ideológico? O maternal ou o que defende a mamãe natureza?
Segundo Marina Silva, o povo brasileiro quer uma mulher na presidência. Marina que fala tanto em sustentabilidade faz afirmações insustentáveis sobre os quereres do povo brasileiro. Mais uma para dizer como Lula vivia dizendo - e do alto da sua personalíssima sapiência - o que o povo brasileiro precisa querer. Lula, pelo menos, disse em tempos pretéritos que o povo brasileiro queria três refeições por dia. Foi mais lógico na sua afirmativa.
E entre uma abobrinha natureba e outra, uma perfumaria e outra, quais são os projetos que as duas mulheres candidatas defendem para resolver os problemas mais sérios do Brasil?
Serra diz o que pretende fazer e como irá atuar. E se forem apenas promessas de campanha, pelo menos, teríamos o que cobrar.
O que poderíamos cobrar de uma mulher que se propõe ser mãe do povo? O que poderíamos cobrar de outra mulher que afirma que o povo brasileiro quer uma mulher na presidência?
Lamento constatar que não há mulher capaz de chefiar o Executivo brasileiro. Ou, se há, não se candidatou.
Machismo do espião? Não é não. Mas eu me recuso terminantemente a ouvir falácias e a continuar calado.
domingo, 22 de agosto de 2010
Vitória no 1º turno
Não me canso de dizer: não é possível!
Mas digo "não é possível", sabendo que é possível, sim, ou pior: foi previsto aqui, porque era o esperado por lá. Este não é só o país da piada pronta: este é o país da ficção antecipando-se à realidade.
E por que é que a ficção se antecipa à realidade? Porque é fácil prever as jogadas pusilânimes por aqui.
Os institutos de pesquisa apontam para a vitória de Dilma no 1º turno.
"Se as eleições fossem hoje", dizem, repetem e tornam a dizer.
E no que é que essa insistência redunda?
Em um elemento facilitador de qualquer futura e "eventual" falcatrua porque, uma vez que os institutos de pesquisa garantem que Dilma, "se as eleições fossem hoje", ganharia no primeiro turno, não haverá de pairar a menor dúvida nem sobre a tal vontade popular nem com relação à lisura do pleito.
A fraude limpa, lisa, perfeita, está aí: debaixo do nosso nariz!
E depois dizem que não existem crime perfeito!
Mas digo "não é possível", sabendo que é possível, sim, ou pior: foi previsto aqui, porque era o esperado por lá. Este não é só o país da piada pronta: este é o país da ficção antecipando-se à realidade.
E por que é que a ficção se antecipa à realidade? Porque é fácil prever as jogadas pusilânimes por aqui.
Os institutos de pesquisa apontam para a vitória de Dilma no 1º turno.
"Se as eleições fossem hoje", dizem, repetem e tornam a dizer.
E no que é que essa insistência redunda?
Em um elemento facilitador de qualquer futura e "eventual" falcatrua porque, uma vez que os institutos de pesquisa garantem que Dilma, "se as eleições fossem hoje", ganharia no primeiro turno, não haverá de pairar a menor dúvida nem sobre a tal vontade popular nem com relação à lisura do pleito.
A fraude limpa, lisa, perfeita, está aí: debaixo do nosso nariz!
E depois dizem que não existem crime perfeito!
sábado, 21 de agosto de 2010
Cata papel, mora na rua e sabe dizer a que vem
Gosto de conversar com motoristas de táxi. Eles sempre têm histórias interessantes para contar.
Hoje ao tomar um táxi para voltar pra casa depois de uma longa caminhada, minha conversa com o chofer foi sobre a estranha e prolixa maneira de falar da candidata do PT.
Eu não entendo onde é que essa dona quer chegar, me disse o motorista. E eu não entendo sequer de onde é que ela parte, por onde passam seus raciocínios truncados e muito menos onde é que ela quer chegar, respondi. Numa pausa da conversa, ouvimos no rádio do carro trecho de uma entrevista feita com o diretor da associação dos moradores de rua e catadores de papel daqui da cidade. A clareza e a correção com que esse senhor que mora na rua e cata papel se expressava nos deixou impressionados! Respondia às perguntas do entrevistador de maneira correta, segura e objetiva. O homem não titubeava: sabia o que dizer e o dizia com fluência e segurança.
Quando a entrevista terminou, o táxi já estava na porta de minha casa. E o motorista comentou: esse aí dá ou não dá um banho na Dilma? Se dá, disse eu, se dá!
Paguei a corrida, me despedi do taxista e vim ao Folhetim registrar essa croniquinha curtíssima e urbana, mas que me parece reveladora.
Hoje ao tomar um táxi para voltar pra casa depois de uma longa caminhada, minha conversa com o chofer foi sobre a estranha e prolixa maneira de falar da candidata do PT.
Eu não entendo onde é que essa dona quer chegar, me disse o motorista. E eu não entendo sequer de onde é que ela parte, por onde passam seus raciocínios truncados e muito menos onde é que ela quer chegar, respondi. Numa pausa da conversa, ouvimos no rádio do carro trecho de uma entrevista feita com o diretor da associação dos moradores de rua e catadores de papel daqui da cidade. A clareza e a correção com que esse senhor que mora na rua e cata papel se expressava nos deixou impressionados! Respondia às perguntas do entrevistador de maneira correta, segura e objetiva. O homem não titubeava: sabia o que dizer e o dizia com fluência e segurança.
Quando a entrevista terminou, o táxi já estava na porta de minha casa. E o motorista comentou: esse aí dá ou não dá um banho na Dilma? Se dá, disse eu, se dá!
Paguei a corrida, me despedi do taxista e vim ao Folhetim registrar essa croniquinha curtíssima e urbana, mas que me parece reveladora.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Bola de Cristal
Somos tentados a interpretar o conceito de fraude no sentido estrito.
Fraude, s.f.
1. Más artes que causam dolo.
2. Má-fé.
3. Candonga.
4. Pia fraude: mentira ou engano para fim piedoso.
O sentido de fraude no Brasil, entretanto, adquiriu reverberações inquietantes, ainda não dicionarizadas, como pretendo demonstrar.
Somos um povo empulhado. Somos enganados há séculos. Mas nunca fomos tão enganados como estamos sendo atualmente.
Getúlio e Jucelino são pinto perto do galo do terreiro Lula da Silva.
Lula conseguiu convencer a maior parte dos brasileiros que ele é o caminho, a verdade e a vida. Viciou o povo na dependência do auto-proclamado Salvador da Pátria. E o povo medroso aposta todas as suas fichas no viciado ditado "ruim com ele, pior sem ele".
Eu digo que ruim com ele, pior com ela.
A herdeira de Lula, Dilma Russeff, é visivelmente pior do que Lula. Lula, no entanto, investiu sobejamente na sua eleita para a sucessão do trono. E por quê? Porque depois do desastroso governo que a herdeira certamente fará, o Salvador da Pátria poderá voltar a se candidatar, com força total, para novamente salvar a pátria dos despautérios que sua herdeira certamente cometerá.
Lula, na futura versão humildade modesta, confessará ao seu povo o erro de ter apostado suas fichas em Dilma Rousseff. E para espiar o seu erro se mostrará disposto a aceitar o sacrifício de se candidatar novamente ao posto de presidente do Brasil.
E em vez da parábola do Filho Pródigo, seremos obrigados a engolir a versão pós-moderna do Pai Pródigo.
Mamãe Dilma não deu conta de levar o Brasil ao Futuro. Lula retornará para ajudar o Brasil a cumprir o seu sempre adiado destino.
Crônica de mais uma fraude prenunciada? Quem viver, infelizmente, verá.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
A última da Dilma
O ponto alto do debate pela internet é a interatividade com o internauta.
Os ditos da Dilma serão páreo duro para as piadas do papagaio e do português.
Os ditos da Dilma serão páreo duro para as piadas do papagaio e do português.
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