terça-feira, 31 de agosto de 2010

A palavra é a sombra da ação

Quem disse isso foi Demócrito de Abdera, contemporâneo de Sócrates. A diferença entre esses dois filósofos é imensa: enquanto a relação entre o pensar e o agir de Sócrates era guiado por princípios éticos que sobrepujavam até o instinto básico de sobrevivência - o que fez Sócrates aceitar a morte pela cicuta sem pestanejar -  o projeto de Demócrito era cognitivo, o que equivale a dizer que a realidade objetiva deveria dar as cartas no jogo do agir humano, independentemente dos desejos subjetivos morais ou de qualquer outra natureza metafísica.

Não é muito difícil perceber que para Sócrates a ação é a sombra da palavra, ou do logos que em grego se traduz também por razão e discurso. Assim é para Sócrates, é assim para Marina Silva. A comparação soa descabida? Talvez seja exagero de minha parte, mas a moralidade que paira sobre o discurso político da candidata do PV é socrática. Todos os caminhos políticos defendidos por Marina estão sob o guarda-chuva do discurso ecológico. É como se suas verdes idéias tivessem o condão de recriar um mundo-mônada, alheado da realidade política mundial, e não submetido ao duro confronto e atrito com outros fatores econômicos e sociais do Brasil em suas complexidades internas e nas relações internacionais. A expressão "auto-sustentabilidade" é degustada pela candidata como um bombom com sabor de promessa realizada. Assim como a Natura do seu vice vende beleza, Marina vende felicidade. Mas sonhos não regem a vida prática do cotidiano social.

Serra, por sua vez, está mais para o pensar e o agir de Demócrito. Suas palavras são, de fato, a sombra de ações. A realidade objetiva permeia e direciona seus projetos políticos. Assim foi, por exemplo, com a questão dos medicamentos genéricos. Além disso, é o único candidato que tem dito como pretende resolver problemas práticos do Brasil. Sem maiores ou menores delírios.

E quanto à dona Dilma? A que linha filosófica ela estaria vinculada? Eu diria que dona Dilma está provavelmente vinculada a uma linha filosófico-literária mais arcaica. É a mãe do povo? Sim, é a mãe do povo. Dilmedéia, portanto.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mãe, mulher e mitologia

Marina pergunta: quem é Dilma? Eu poderia perguntar: quem são Dilma e Marina?

Dilma se auto-proclamou mãe do povo brasileiro. Marina é a defensora incansável do desenvolvimento auto-sustentável. Qual dos dois discursos é mais ideológico? O maternal ou o que defende a mamãe natureza?

Segundo Marina Silva, o povo brasileiro quer uma mulher na presidência. Marina que fala tanto em sustentabilidade faz afirmações insustentáveis sobre os quereres do povo brasileiro. Mais uma para dizer como Lula vivia dizendo - e do alto da sua personalíssima sapiência - o que o povo brasileiro precisa querer. Lula, pelo menos, disse em tempos pretéritos que o povo brasileiro queria três refeições por dia. Foi mais lógico na sua afirmativa.

E entre uma abobrinha natureba e outra, uma perfumaria e outra, quais são os projetos que as duas mulheres candidatas defendem para resolver os problemas mais sérios do Brasil?

Serra diz o que pretende fazer e como irá atuar. E se forem apenas promessas de campanha, pelo menos, teríamos o que cobrar.

O que poderíamos cobrar de uma mulher que se propõe ser mãe do povo? O que poderíamos cobrar de outra mulher que afirma que o povo brasileiro quer uma mulher na presidência?

Lamento constatar que não há mulher capaz de chefiar o Executivo brasileiro. Ou, se há, não se candidatou.

Machismo do espião? Não é não. Mas eu me recuso terminantemente a ouvir falácias e a continuar calado. 

domingo, 22 de agosto de 2010

Vitória no 1º turno

Não me canso de dizer: não é possível!
Mas digo "não é possível", sabendo que é possível, sim, ou pior: foi previsto aqui, porque era o esperado por lá. Este não é só o país da piada pronta: este é o país da ficção antecipando-se à realidade.
E por que é que a ficção se antecipa à realidade? Porque é fácil prever as jogadas pusilânimes por aqui.
Os institutos de pesquisa apontam para a vitória de Dilma no 1º turno.
"Se as eleições fossem hoje", dizem, repetem e tornam a dizer.
E no que é que essa insistência redunda?
Em um elemento facilitador de qualquer futura e "eventual" falcatrua porque, uma vez que os institutos de pesquisa garantem que Dilma, "se as eleições fossem hoje", ganharia no primeiro turno, não haverá de pairar a menor dúvida nem sobre a tal vontade popular nem com relação à lisura do pleito.
A fraude limpa, lisa, perfeita, está aí: debaixo do nosso nariz!
E depois dizem que não existem crime perfeito!

sábado, 21 de agosto de 2010

Cata papel, mora na rua e sabe dizer a que vem

Gosto de conversar com motoristas de táxi. Eles sempre têm histórias interessantes para contar.

Hoje ao tomar um táxi para voltar pra casa depois de uma longa caminhada, minha conversa com o chofer foi sobre a estranha e prolixa maneira de falar da candidata do PT.

Eu não entendo onde é que essa dona quer chegar, me disse o motorista. E eu não entendo sequer de onde é que ela parte, por onde passam seus raciocínios truncados e muito menos onde é que ela quer chegar, respondi. Numa pausa da conversa, ouvimos no rádio do carro trecho de uma entrevista feita com o diretor da associação dos moradores de rua e catadores de papel daqui da cidade. A clareza e a correção com que esse senhor que mora na rua e cata papel se expressava nos deixou impressionados! Respondia às perguntas do entrevistador de maneira correta, segura e objetiva. O homem não titubeava: sabia o que dizer e o dizia com fluência e segurança.

Quando a entrevista terminou, o táxi já estava na porta de minha casa. E o motorista comentou: esse aí dá ou não dá um banho na Dilma? Se dá, disse eu, se dá!

Paguei a corrida, me despedi do taxista e vim ao Folhetim registrar essa croniquinha curtíssima e urbana, mas que me parece reveladora.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Bola de Cristal

Somos tentados a interpretar o conceito de fraude no sentido estrito.

Fraude, s.f.
1. Más artes que causam dolo.
2. Má-fé.
3. Candonga.
4. Pia fraude: mentira ou engano para fim piedoso.

O sentido de fraude no Brasil, entretanto, adquiriu reverberações inquietantes, ainda não dicionarizadas, como pretendo demonstrar.
 
Somos um povo empulhado. Somos enganados há séculos. Mas nunca fomos tão enganados como estamos sendo atualmente.
 
Getúlio e Jucelino são pinto perto do galo do terreiro Lula da Silva.
 
Lula conseguiu convencer a maior parte dos brasileiros que ele é o caminho, a verdade e a vida. Viciou o povo na dependência do auto-proclamado Salvador da Pátria. E o povo medroso aposta todas as suas fichas no viciado ditado "ruim com ele, pior sem ele".
 
Eu digo que ruim com ele, pior com ela.
 
A herdeira de Lula, Dilma Russeff, é visivelmente pior do que Lula. Lula, no entanto, investiu sobejamente na sua eleita para a sucessão do trono. E por quê? Porque depois do desastroso governo que a herdeira certamente fará, o Salvador da Pátria poderá voltar a se candidatar, com força total, para novamente salvar a pátria dos despautérios que sua herdeira certamente cometerá.
 
Lula, na futura versão humildade modesta, confessará ao seu povo o erro de ter apostado suas fichas em Dilma Rousseff. E para espiar o seu erro se mostrará disposto a aceitar o sacrifício de se candidatar novamente ao posto de presidente do Brasil.
 
E em vez da parábola do Filho Pródigo, seremos obrigados a engolir a versão pós-moderna do Pai Pródigo.
 
Mamãe Dilma não deu conta de levar o Brasil ao Futuro. Lula retornará para ajudar o Brasil a cumprir o seu sempre adiado destino.
 
Crônica de mais uma fraude prenunciada? Quem viver, infelizmente, verá.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A última da Dilma

O ponto alto do debate pela internet é a interatividade com o internauta.

Os ditos da Dilma serão páreo duro para as piadas do papagaio e do português.

A batina do presidente Lula

Frei Betto foi o confessor de Lula e Lula não é burro. Por que é que o povão se descabela pelo consolo da religião católica? Porque os padres são e sempre foram exímios em administrar as carências afetivas do rebanho. E o rebanho não quer aprender a pescar porque é muito melhor acreditar e esperar por novos milagres dos peixes. O rebanho prefere acreditar que Deus sabe o que faz e que os padres, representantes de Deus na Terra, sabem perfeitamente interpretar os enigmáticos desejos divinos.


Frei Betto foi o confessor de Lula, mas Lula, o que não é burro, nas suas confissões ia aprendendo a agir nos mesmos moldes da cartilha do seu confessor. Eu diria que ele vestiu a batina de presidente da república. Essa imagem pode parecer absurda, mas não é: Lula é o papa da religião lulista, fundada por ele mesmo. E agora nomeia a papisa Dilma como herdeira do trono de são Lula. O Brasil virou um Estado subliminarmente teocrático: Lula é ao mesmo tempo Deus Pai, Deus Papa - que substitui com vantagens o Deus Filho - e o que agora incluiu o espírito parco de Dilmanta na sua santíssima trindade política.

Lula é o mais hábil manipulador das carências anímicas populares, o mais hábil desvirtuador da racionalidade e da objetividade preconizadas na administração da coisa pública. Lula transformou a política em novela da seis, das sete e das oito. Lula criou uma nova modalidade estilística: a retórica política catártica.

Lula é o novo padre Antônio Vieira da nação brasileira, com a vantagem de "falar a língua errada do povo, a língua certa do povo, porque ele é que fala gostoso o português do Brasil".

E o terrível é que diante de gente que tem fome de carinho, proteção e afagos - gentes com carências características dos cães - Lula sabe exatamente como os suprir.

O preço a ser pago será salgado. Mas como nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de são Lula, pagaremos nós, os conscientes do engodo, pela maioria carente.

De burro, Lula não tem nada.

Papai e Mamãe

Quem são e o que pensam os eleitores brasileiros? Os treze minutos do PT no 1º dia do horário eleitoral gratuito responderam com exatidão quem somos e o que pensamos: somos um misto de criança com problemas de aprendizado e de velhice esclerosada, aliados ao fato de que pensar para nós é uma das coisas mais cansativas que possa haver.

Somos fortes em pieguice sentimentalóide, queremos ser alvos dos cuidados de Deus, dos padres, dos pastores, dos presidentes da nação. Não temos a mínima predisposição para a ousadia de pensar por nós mesmos.

O presidente Lula posou de pai no rio Oiapoque, Dilma deu uma de mãe no rio Chuí. O Brasil foi cercado de norte a sul. O Brasil é do PT. Lula e Dilma são os guardiões das fronteiras, o pai e a mãe dos filhos da pátria amada.

 O gingle que faz menção ao pai que tem que partir mas que deixa a mãe forte em seu lugar expressa a miserável condição em que se encontra o eleitorado brasileiro. Todo poder provêm do povo e em seu nome é exercido? Inverteram sutilmente o texto constitucional: todo poder proveio do pai e proverá da mãe que o exercerá à revelia da vontade do povo. Mesmo porque o povo não sabe o que quer, ou melhor, parece saber: o povo quer continuar submetido à vontade das figuras de autoridade representadas no Brasil pelo papai Lula e a mamãe Dilma. Submissão amorosa, é claro.  Submissão redentora.

O povo não quer ser ativo, não quer exercer nenhum poder. O povo quer é ditadura com brandura.

Quer e terá o que quer.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Chega de fome!

Está disponível na rede um artigo de José Ribamar Bessa Freire, intitulado "A fome de Marina Silva".

Eis um trecho:

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre. Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não agüentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

Não resta dúvida de que a fome e a infância sobejamente sacrificada de Marina Silva sejam dados lamentáveis. Mas não creio que o conhecimento terrível e direto da fome, não creio que o sofrimento infantil tremendo da candidata sejam garantias insofismáveis de que ela faria um excelente governo.

Sofrimentos subjetivos são reais, indubitáveis e inquestionáveis. Mas as ações políticas devem ser pautadas pela razão e objetividade, pelo conhecimento da realidade nacional, por decisões que ponham em relevo o bem comum e o respeito às leis.

Assim sendo, no contexto da vida pública, os sofrimentos individuais dos candidatos são irrelevantes. O que interessa é a capacidade de reduzir ao máximo as más condições públicas geradoras de tantos sofrimentos para uns, para muitos, e muitas vezes para todos.


domingo, 15 de agosto de 2010

Kafkamarilha

Dormem como periplanetas americanas. Latino americanas. Acordam e se veem com as feições de homem. Mas como se ontem eu era um inseto? Ou seria um rato?

Inspirados naquela velha França revanchista, tomam chá de bastilhas no desjejum, suco vermelho de guilhotina e brioches de massa fina, mistura de falta de brio e deboche. Fraudam mundos e fundos de pensão a cada dia. O diabo sempre os guia. Matam pela mamata. E roubam. Como roubam! Roubam até por bravata. Roubam com gosto, roubam por vício, roubam inteiramente ou por partes, roubam como se o roubar fosse arte. 

Todas as noites, quando se deitam, voltam à velha e asquerosa forma. E a metamorfose se repete a cada nova, escura e cascorenta manhã.

sábado, 14 de agosto de 2010

Mordam a mordaça

Silenciaram as Veredas do Vereza. E por quê? Porque querem deixar no ar (e na terra, na água), inscrito a fogo, apenas as BRs, ou seja, os Brasis Roubados. São vários Brasis roubados. Desde idos tempos.

Roubados de nós, repito, desde idos tempos. Do pau brasil ao ouro, da liberdade à consciência crítica, da coragem à dignidade, da honestidade à decência.

Querem nos tirar tudo. Tiram tudo de nós e nos dão uma banana diária, semanal, mensal, um Bolsa Família, um Pac empacado e engodante, um sorriso de político corrupto, uma esperança demoníaca, uma angelical crença nas urnas. Funerárias?

Sim, sim, sim! As urnas brasileiras são funerárias. Todas as urnas. Todas elas.

Todas elas abrigam o mesmo cadáver: a democracia.

Em nome da democracia - morta, morta, morta!!! - o ditador canônico se ri à farta! "Ri dos reis e dos que não são reis", como diria Fernando Pessoa. Mas não tem a mínima pena de ouvir falar nas guerras e nos comércios.  Não tem a mínima pena ao constatar que uma mulher iraniana será apedrejada até a morte. Essa mulher seria apenas - a penas duríssimas! - uma ótima oportunidade para, caso conseguisse abrigo político no Brasil, subir aos palanques com a candidata oficial do reino.

Só isso. Mais nada.

Uma mulher salva das pedradas ao lado daquela que irá certamente nos apedrejar a todos. Que apedrejará a liberdade de imprensa. Que apedrejará as já sobejamente frágeis instituições públicas. Que apedrejará o que nos resta de dignidade, o que nos resta de cidadania.

Mordam a mordaça. Antes que seja morte.

Ela vai desistir!

Corre à boca miúda que aquela candidata-chave (não me perguntem chave de quê...) está para desisitir da sua candidatura.

Os motivos são ainda nebulosos, e a mim pouco me importa se serão avaliados como fúteis, sérios ou absurdos. Quem sabe a resolução tenha surgido depois de um sonho premonitório pavoroso com demônios, ciclopes e as parcas? A junção desses três elementos em uma noturna viagem onírica não poderia dar em boa coisa. Vai daí que. Pois então.

O que sei é que já tem muita gente comemorando a notícia. Mas creio que não se deve contar com o ovo que ainda não foi botado pela galinha. Vai que o ovo vira, não sai, e a nossa alegria prévia pifa e voa?

O melhor a fazer é esperar pela confirmação do fato. Mas umas cervejotas virão bem. Ainda mais que hoje é sábado.

E façamos um brinde: que a ficção se transforme em realidade! Se a esperança é a última que morre, nas estórias inventadas, ela não morre nunca.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Detesto mentiras

E vocês certamente dirão: haverá quem goste?
Há anos estou sendo ludibriado.
O atual governo é uma farsa, uma fraude, um folhetim de baixa extração.
Estou farto de mentiras. Detesto mentiras de qualquer gênero: das piedosas às diabólicas.
Detesto mentiras.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O comportamento dos tiranos

Dizia um certo professor de filosofia política serem os tiranos elementos típicos e recorrentes na história da vida pública da humanidade, fantasmas que nos fascinam e aterrorizam há vários milênios.

O que esse professor não afirmou e eu ouso afirmar é que os tiranos são a prova inconteste de que a reencarnação existe, uma vez que eles sempre retornam em novos corpos, em novos espaços geográficos e contextos políticos, mantendo em suas novas versões corporais apenas o velho e decrépito fio do mesmo comportamento paradoxal, ao mesmo tempo lógico e insano.

Pensam que sou um chistoso contumaz?

Vejam o que escreve sobre eles um autor da 2ª metade do séc. IV a.C e tirem suas próprias conclusões. Transcreverei apenas um trecho que me parece mais significativo dessa reiterada similitude entre tiranos do passado longínquo, do passado mais próximo, e, acima de tudo, da atualidade.

" - Nos primeiros dias e nos primeiros tempos, acaso não se sorri e cumprimenta toda a gente que encontrar, e não declara que não é um tirano, faz amplas promessas em particular e em público, liberta de dívidas, reparte a terra pelo povo e pelo seu séquito e simula afabilidade e doçura para com todos?

- Forçosamente.

- Mas quando conseguiu, julgo eu, nas suas relações com inimigos de fora, reconciliar-se com uns e destruir outros, e daquele lado há tranquilidade, primeiro que tudo está sempre a suscitar guerras, a fim de o povo ter necessidade de um chefe.

- É natural.

- E também a fim de os cidadãos, empobrecidos pelo pagamento de impostos, serem forçados a tratar de seu dia-a-dia e conspirarem menos contra ele?

- É evidente.

- E, segundo julgo, se ele suspeitar que alguns deles albergam pensamentos de liberdade que os afastem da obediência a ele, provocará essas desavenças, com o pretexto de os deitar a perder, entregando-os aos inimigos. Por todos estes motivos, um tirano tem sempre necessidade de desencadear guerras.

- Forçosamente.

- Mas tal procedimento predispõe os cidadãos a odiá-lo mais.

- Mas não haverá alguns dos que ajudaram a elevá-lo àquela posição e que têm poder para falar livremente, diante dele e uns com os outros, e que critiquem os acontecimentos, pelo menos aqueles que forem mais corajosos?

- É natural.

- Logo, o tirano tem de eliminar todos esses, se quiser governar, até não deixar ninguém dentre amigos e inimigos, que tenha alguma valia.

- É evidente.

- Portanto, tem de discernir com agudeza quem é corajoso, quem tem grandeza de ânimo, quem é prudente, quem é rico; e é tal a sua felicidade que é forçado a ser inimigo de todos esses, quer queira, quer não, e a armar-lhe ciladas, até limpar a cidade.

- Bela limpeza essa!

- Sim - disse eu - é o contrário do que fazem os médicos com os corpos: esses retiram o pior e deixam o melhor; aquele faz o inverso.

(...)

- Não é verdade que quanto mais os concidadãos o odiarem devido ao seu procedimento, tanto mais ele precisará de lanceiros mais numerosos e mais fiéis?

- Pois não!

- Mas que homens fiéis são esses? E de onde é que ele os há-de mandar vir?

- Virão muitos a voar, espontaneamente, se lhes der a recompensa." (pp.405-407, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian)

Creio que esse trecho é suficiente. Assim sendo, como não creio que certos presidentes da américa latina tenho lido A República de Platão, dou por suficientemente comprovada a minha tese: há reencarnação sim, senhores! O que não posso afirmar é que o fenômeno da transmigração das almas para outros corpos se dê com todos os mortais, mas que ele ocorre com espantosa frequência entre tiranos, disso eu tenho certeza.

Luís Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez são a provas vivas dessa minha aparentemente estapafúrdia teoria.




quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A hora e a vez das augustas matracas

Não, eu não acho que as mulheres sejam seres de cabelos longos e idéias curtas, não acho que as mulheres devem esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque, não penso que negras são para trabalhar, mulatas para transar e brancas para casar. Em outras palavras, não sou um homem do século XIX.

Não sou. Mas ao assistir às entrevistas feitas com dona Dilma e dona Marina tive vontade de me converter ao machismo mais insano e radical. De fundar o movimento Mulheres na Política Nunca Mais. E não foi porque dona Dilma disse em alto e bom som que a Baixada Santista fica no Rio, nem porque dona Marina Silva seja capaz de transformar uma crise de apendicite em problema ambiental. A questão é outra: o que querem, para o Brasil, essas candidatas?

O que quer uma mulher? Perguntou Lacan em um artigo famoso. Detesto Lacan, mas, diante das atuais candidatas, a famosa pergunta começa a fazer sentido para mim.

Essas senhoras querem resolver as grandes questões do Brasil, quais sejam, saúde, educação e segurança, de que maneira? O Vermelho e o Negro é um romance que casa com dona Dilma. Melhor ficaria se o nome fosse Do Vermelho Para o Negro. Samba Verde de uma Nota Só é a cara de dona Marina.

Quero viver em um país bem administrado, não no Paraíso Perdido de Milton que elas nos vãos das respectivas retóricas oníricas nos prometem recuperar.

Alguém já disse na blogsphera que a única saída é o aeroporto. E o disse com acerto.

Purissimarina

Pena que o voto de castidade não seja válido nas disputas eleitorais. Se fosse, todos os votos dessa modalidade iriam diretamente para Marina Silva. Nunca vi mulher mais ponderada, equilibrada, justa, sensata, doce, clara, coerente, límpida e tranparente.

Ela é tão pura, tão preclara, que está acima do bem e do mal partidários. Ela é a Purissimarina.

Castos e castas do Brasil, votem neste ícone da ética e da moralidade públicas. E depois podem se inscrever no coro de anjinhos do céu.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Materno maltratar

A opinião geral é de que a candidata entrevistada ontem no JN se saiu melhor do que no debate da Band. Sim, houve um avanço: passou de péssima para ruim, de deplorável para fraca, de inconsistente para gelatinosa. Escorregadia, apesar da máscara antiderrapante que envolvia as palavras, a expressão facial e verbal, os gestos posadamente suaves, tudo isso aprendido a toque de caixa com experts de sua equipe de campanha.

Para mim, ela esteve firme feito prego no angu.

A voz tonitroante de contralto - trombeta de Jericó sem surdina - estabelecia um estapafúrdio contraponto com a polidez orquestrada.

Mas o melhor da insensata festa dessa entrevista foi a resposta dada pela candidata ao ser confrontada com o fato de o atual presidente ter declarado que colegas e até outros ministros de estado foram até ele para dizer que ela os maltratava.

Diante dessa afirmação do entrevistador Duílio Bonder, a candidata apelou para o... Digamos sentimento maternal da entrevistadora Fatwa Berilos, dizendo que Fatwa, como mãe, sabia muito bem que às vezes é preciso ser rigorosa com os filhos, exigir mais dos filhos, anunciando assim, de maneira transversal, a sua candidatura à mãe do povo.

A associação direta entre maltratar e maternidade ganhou uma soberba crítica da minha faxineira hoje de manhã.

- O que você achou da entrevista de ontem, Lucineide?

- Eu? O que que eu achei? Eu não gostei não, senhor. Aquele negócio de mãe que maltrata os fio, é ruim, hein? Eu vou votá naquela outra lá da natureza, dos bichim, dos passarim. Sabe que eu gosto mais de bicho do que de gente? Gente num presta não!

Quase retruquei dizendo que Lucineide iria saltar da égua e cair na potranquinha de são Francisco de Assis. Mas não disse nada: tudo tem seu tempo certo e há tempo para todo propósito debaixo dos céus; tempo de plantar e tempo de colher, desde que o MST não invada a terra plantada e ponha tudo a perder.

E por falar em MST, a candidata entrevistada disse que o governo a que pertence jamais tratou os movimentos sociais a cassetete. Pois é. Vândalos por aqui são vistos, pelo executivo, como elementos cuja atuação é sempre associada à carnavalização popular baktiniana, sendo merecedores, portanto, apenas de serpentinas e confetes. E de aplausos. Aplausos velados, mas, ainda assim, aplausos.

Como todos podem notar, esse país descrito e composto de pequenos cacos aqui apresentados aos poucos, só pode formar um mosaico fictício. Se fosse realidade, quem suportaria?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cadê o recibo?

Quando a gente paga condomínio, luz, telefone fixo e celular, financiamento habitacional, boleto bancário, apostas lotéricas, quando a gente paga médico, dentista, advogado, psicólogo, arquiteto, bombeiro, pedreiro, marceneiro, o que é que recebemos em mãos? Exatamente: os recibos referentes ao que pagamos.

Se é assim, por que é que não nos dão recibo dos nossos votos?

Estou misturando alhos com bugalhos? Não estou, senhores e senhoras. Não estou misturando nada.

Citei acima as apostas lotéricas. Os votos que damos aos candidatos são uma modalidade muito especial de aposta, ou, em outras palavras, trata-se da aposta feita por cada cidadão em um país melhor para todos nós. Assim sendo, nada mais justo do que termos em mãos o recibo referente à aposta que cada um de nós fez.

Vamos supor que alguém quisesse cobrar diretamente do candidato eleito (também por ele) alguma promessa de campanha? Não seria muito mais honesto e direto apresentar ao seu representante, o representante que ele instituiu, a confirmação de que ele foi um daqueles cidadãos que o elegeu?

Sei, sei. Posso estar parecendo idílico ao imaginar uma modalidade democrática direta e reta, neste país de analfabetos políticos, como diria o chatíssimo Brecht. Mas, na verdade, a única coisa que desejo é a transparência no sagrado direito e dever de votar.

O TSE exigirá nestas próximas eleições que os cidadãos apresentem o título de eleitor e a carteira de identidade para o exercício máximo da cidadania. Por que, então, os eleitores não têm o direito de exigir do TSE que lhe confiram recibo do voto que cada um deu ao seu candidato, expressão máxima da sua soberana vontade?

Ah, acontece que o voto é secreto! Mas há mais segredos entre o cidadão e seu voto do que possa imaginar nossa vã cidadania!

Fosse eu "rei do mundo", como disse Drummond em um de seus poemas, baixaria o seguinte e parodiado decreto: todo eleitor tem direito ao recibo do voto que conferiu ao seu candidato! E deve guardá-lo com todo o cuidado, pois a transparência das eleições depende fundamentalmente dele.

Guardem, cidadãos brasileiros, guardem os seus recibos de voto! Façam cópias autenticadas desse documento, guardem os originais em cofres! Eles podem vir a ser a prova de que a maioria não está sendo empulhada.

Termino com a minha batida cantilena: este é um folhetim ficcional. Qualquer semelhança com idéias boas ou más para a vida pública será mera coincidência.

Arquitetura da fraude: primeiros esteios.

Quem assistiu ao debate entre os candidatos à presidência promovido pela Band, viu e ouviu com os olhos e ouvidos que a terra há de comer: Dilmaníaca foi de mal a pior.

Se eu fosse psicanalista diria que a candidata governista, na ânsia de corresponder às imensas exigências da sua bastante mal afamada turma, foi acometida por uma crise sólida de pânico ao se perceber diante das câmeras, ao vivo, sem ter sobre seu ombro a mão paternal e costumeira do Pequeno Timoneiro, guia de seus pensamentos, palavras, gestos e parcos pitacos.

Uma amiga minha bastante original batizou seu papagaio com o nome de Moreno. Foi o primeiro louro Moreno que eu conheci. O segundo, ou melhor, a segunda papagaio-fêmea que conheci foi Dilmorena. Com um agravante: sofre de surtos de amnésia na hora de repetir o que foi ou era pra ter sido decorado.

Dá o pé, Dilmorena! Ou melhor ainda: dá no pé, porque a coisa pode ficar feia pros lados de Capela Nova e pro seu lado também. Por enquanto, na situação de candidata, a pressão que você anda sofrendo é pinto perto da que virá, caso consigam - não importa por que meios - fazê-la vencer as eleições de outubro.

Mas o título deste post faz referência ao Plínio. O Plínio de Arruda Sampaio, que nem com toda arruda do mundo conseguiria tirar a  inhaca que pesa sobre ele. Sim, porque só pode ser inhaca da brava o que torna esse gigante irônico, bem humorado e com ótimas tiradas segundo avaliações midiáticas pós-debate, um ilustríssimo desconhecido da população nas pesquisas empreendidas por o Vox Populi, o Ibope e o Datafolha.

Vejam só vocês: foi preciso o debate da Band - cuja audiência alcançou pífios 3% - para revelar à nação o grande homem público "arrudeado" de elogios mis pelos meios de comunicação. Seria seu nome uma homenagem a Plínio, o Velho, ou a Caio Plínio, administrador da Bitínia e sobrinho do primeiro Plínio? Homenagens domésticas à parte, o nosso Plínio de cá administra bem sampaio os seus próprios bens! O que tem de dinheiro em aplicações financeiras não tá no gibi!

De qualquer maneira, todos nós sabemos que o Plínio foi incensado pela mídia para abafar o fiasco de Dilmaviltante. Para colocá-la no mesmo patamar de "suposta" (ah, como eles andam gostando dessa palavra...) nulidade compartilhada com Marina e Serra.

Todos os candidatos foram mal no debate, segundo a mídia. O único que se deu bem é insignificante em relação aos institutos de pesquisa.

Alguém duvida de que estejam usando o PSOL para tapar o sol com a peneira?

domingo, 8 de agosto de 2010

A fama de Dilmalfafa

Hoje é domingo, pede cachimbo. O uso do cachimbo deixa a boca torta e mamar nas tetas do governo também entorta a boca, isso pra não falar no caráter. Mas pau que nasce torto morre torto, portanto não é conveniente atribuir culpa ao cachimbo: a falta de caráter tornou-se aceitável, previsível, quase natural, o que gerou o entortar generalizado do corpo político institucional brasileiro.

Diz certo provérbio zen ser feliz o homem que consegue guardar tudo o que tem dentro de uma mala. O provérbio fala em mala, não em cueca. E antes fossem desvirtuados só os ditados populares por aqui, onde a liberdade se confunde com a indecência, a alegria é ruidosa e safada, a ciência é sempre repulsiva por buscar a verdade.

No meio desta Babel da ignomínia, temos agora uma candidata pré-fabricada ocupando o centro do palco - para não falar dos palanques - do nosso circo mambembe. A guerrilha (que a maior parte das pessoas pensantes prefere, com acerto, chamar de terrorismo) é o único dado concreto do seu currículo. Trata-se de uma pessoa autoritária e violenta. Deu mostras, nos primórdios da sua compactuada candidatura, da personalidade agressiva em respostas cortantes às perguntas feitas por jornalistas. Certamente admoestada por seu inculto e precário demiurgo, tentou mudar o tom das suas manifestações públicas, mas a emenda ficou pior do que o soneto: passou a falar como se tivesse acordado de um sono produzido por barbitúricos.

Mesmo assim, segundo os institutos de pesquisa, a candidata está à frente no 1º turno das eleições e também na simulação de um 2º turno. Não parece estranho? Uma candidata sem passado político cuja retórica é uma lástima , vem sendo apontada como a preferida?

Quem tem fama, deita na cama. Quanto a nós que não temos fama nenhuma, haverá jeito de não nos deitaremos numa cama de gato?


sábado, 7 de agosto de 2010

Um Brasil inventado

O órgão máximo do Poder Judiciário eleitoral garante: as urnas eletrônicas são seguras. O que muita gente não entende é o motivo de os EUA não terem desenvolvido um modelo similar americano.  Não haverá de ser por falta de tecnologia em informática, não é verdade? Muitos blogs já cantaram esta pedra. É mera questão de somar um mais um e encontrar dois milhões. Digamos dois milhões de votos numa seção eleitoral que tem apenas, digamos, quatrocentos e vinte e cinco mil eleitores.

Nunca é demais frisar: estamos no universo paralelo da ficção. Na vida real, nada disso poderia acontecer. As urnas eletrônicas são seguras, os institutos de pesquisa são sérios e seus métodos indiscutíveis. A maior parte da população vive bem sem saber sequer o que venha a ser estatística. A obrigação, portanto, dos institutos de pesquisa é apenas pesquisar e apresentar os resultados aos cidadãos. Quanto aos cidadãos quase todos desconhecedores dos processos e métodos estatísticos, cabe a eles crer piamente nos dados apresentados. Nossos candidatos e candidatas aos cargos públicos são honestos, verdadeiros paladinos da democracia. Assim sendo, para que serve essa lei-placebo do Limpa Ficha, digo, do Ficha Limpa?

Vivemos em um país idôneo: mens salon in corpore sano. Nossa democracia é saudável como um potro jovem solto no campo. Isso - é claro -  diz respeito ao Brasil-de-Verdade, porque mentira não é comigo. O máximo que me concedo é uma rara pitada de ironia em alguns trechos do que escrevo.

Aqui neste Brasil que ouso diariamente inventar, a candidata magna é uma ex-terrorista autoritária - estarei sendo redundante? - que surgiu do nada no cenário político nacional, com um câncer linfático que parece ter sido curado via cirurgias plásticas. Isso fez parte do plano de pré-lançamento de sua candidatura. Um câncer no curriculum amacia os corações dos eleitores e a cura miraculosa aponta para a intervenção onipontente de Deus Pai Todo Poderoso criador de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. O resto do mundo e do universo foi criado por Ele também, mas isso é coisa de somenos importância.

Amanhã a história e a estória continuam.


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A fraude é fácil mesmo

O primeiro comentarista deste folhetim, Marcos Otterco, acertou no alvo: a fraude é fácil nas urnas eletrônicas.

O TSE desafiou especialistas em informática a provarem a existência de fraude. Acontece que essa fraude só pode ser detectada, por questões técnicas, pelos próprios analistas em informática do TSE e dos Tribunais Regionais. Trata-se de um círculo vicioso, ou talvez seja melhor dizer, viciado. Viciado em propinas.

Ganharia rios de dinheiro se aceitasse ser corrompido pela gang dos petespertos. Mas não pensem os leitores que não aceitei a corrupção por questões de ordem ética ou moral. Não aceitei porque sou medroso. Medroso é pouco: sou é cagão. Tinha e tenho medo de que meu nome viesse a público como um - talvez o principal - fraudador das urnas eletrônicas. A corda sempre arrebenta para o lado do mais fraco, como todos nós sabemos. Elementos envolvidos do alto escalão são citados nas operações Cobra Coral, Santagracia e outras que tais. Mas quem paga o pato são os pobres, como sempre.

Alguém já se perguntou por que é que a doença fortemente maligna de nossa presente candidata à presidência anda passando em brancas nuvens nos meios de comunicação nacionais? Teve um câncer virulento e, no entanto, por abracadabras milagrosas, ninguém mais toca no assunto. E por quê?

Porque - digamos que eu suponha - essa foi a estratégia de lançamento de uma desconhecida sem passado político no cenário nacional. Ah, coitada! Tão coitada quanto Ana Maria Braga.

1º movimento: allegro vivace. Allegro vivíssimo, espertíssimo. Apesar da aparência mortuária.

Como será que anda a saúde de nossa candidata - lamento informar - já eleita? Se essa doença vingar, se for à forra, seremos governados pelo vice, Michel Temer?

Mas eu, Júlio Diniz, homônimo do autor das "Pupilas do Senhor Reitor", tenho algo a declarar: a doença da candidata, os estranhos e exóticos números apresentados pelos institutos de pesquisa, o assessoramento do presidente ao poste-fêmea, tudo isso e muito mais faz parte de um Grande Plano com iniciais maiúsculas. E o coroamento desse Grande Plano será, se não houver resistência por parte dos cidadãos, coroado com o Grande Plano B: a fraude nas urnas eletrônicas.

Quem viver, verá. Quem viver verá o triste e lamentável golpe final nas instituições democráticas do Brasil.

O Espião

Meu nome é Júlio Diniz, tenho 33 anos e sou servidor público do Tribunal Regional Eleitoral. De que estado federativo? Ah, isso eu não digo. E por quê não? Não digo porque mesmo sendo apenas um narrador em primeira pessoa correria riscos. Poderia, por exemplo, acordar morto, na companhia de Brás Cubas.

Este será um folhetim de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, etcétera e tal. Dispensável citar inteiramente o que é do conhecimento de todos. Mas todo mundo sabe que a literatura acende uma vela pra para a fantasia e outra para a realidade.

A estória que vou narrar em pequenos capítulos diários é assustadora e o substantivo estória poderia perfeitamente ser grafado com agá. Quero contar para vocês como foi armada a fraude das urnas eletrônicas no Brasil. Espero que ninguém tenha dúvidas de que seja - como de fato é - perfeitamente possível este gênero lamentável de crime.

Amanhã estará na rede o primeiro capítulo dessa trágica narrativa.